domingo, 9 de maio de 2010

Poesia Matematica

Ás folhas tantas

do livro matematica

um Quociente apaixonou-se

um dia

doidamente

por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumeravel

E viu-a, do Ápice á base,

uma figura Ímpar;

olhos rombóides, boca trapezóide,

corpo octogonal, seios esferóides.

Fez da sua

uma vida

paralela á dela

até que se encontraram

no infinito.

"Quem és tu?", indagou ele

com ância radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.

Mas pode me chamar de hipotenusa."

E de falarem descobriram quem eram

-o que, em aritmetica, corresponde

a almas irmãs-

primos-entre-se.

E assim se amaram

ao quadrado da velocidade da luz

numa sexta potenciação

traçando

ao sabor do momento

e da paixão

retas, curvas, círculos e linhas senoidais.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas

e os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.

E, enfim, resolveram se casar

constituir um lar

mais que um lar,

uma perpendicular.

Convidaram para padrinhos

o Poliedro e a Bissetriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro

sonhando com uma felicidade

integral

e diferencial.

E se casaram e tiveram uma secante e três cones.

Muitos engraçadinhos.

E foram felizes

até aquele dia

em que tudo, afinal,

vira monotonia.

Foi então que surgiu

o Máximo Divisor Comum

frequentador de Círculos Concêntricos.

Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ele

uma Grandeza Absoluta,

e reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu

que com ela não formava mais Um Todo,

uma Unidade. Era o Triângulo,

tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era a fração

mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade

e tudo que era espúrio passou a ser

Moralidade

como, aliás, em qualquer

Sociedade. (Millôr Fernandes,1972)

Angela vilma 10/05/2010.

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